Uma amiga explica porque, apesar
de todos os homens que estão a fim dela, ela continua solteira. É simples: ela ainda
não encontrou o cara certo. Ela tem 28 anos. Rapazes que a convidam para sair, no
entanto, raramente passam pela infelicidade de terem os seus convites
rejeitados, numa prova de como ela está aberta a conhecer melhor os seus pretendentes.
E nas baladas que frequenta com a mesma assiduidade com que comparece ao local
de trabalho, não falta quem se aproxime. E ela sempre fica com um rapaz tão
bonito quanto ela. Mas nenhum desses vale a pena para investir numa relação
séria, ela lamenta. O que será que ela está esperando?
Não apenas as mulheres, mas também
os homens tem a mesma preocupação. Todos parecem estar esperando a pessoa certa
aparecer a qualquer momento, e, enquanto isto não acontece, vão se divertindo com
a pessoa errada mesmo. Até quando esta curtição pode durar?
Eu fico me perguntando se, com
tais exigências, eles não teriam se descuidado e já deixado passar a tal pessoa
certa. Onde estará esta pessoa e será que ela está empenhada nesta mesma
procura? Será que algum dia o destino fará com que seus caminhos se cruzem como
acontece nos filmes de comédias românticas? Ou será que algum dia eles se darão
por vencidos nesta busca e capitularão ao primeiro que aparecer?
Quando eu peço à minha amiga que
me faça uma descrição de como seria este cara certo, ela me vem com a resposta que
já ouvi de outras mulheres. Uma porção de conceitos genéricos e idealizados que
bem poderiam descrever qualquer homem que cruze a esquina. Um cara que me
respeite, seja gentil, educado, não minta e por aí segue a lista. Mas não seriam
estas mesmas as qualidades que se busca em outra pessoa numa relação saudável?
Tal busca é entendida que deve
ser igual a tudo que se consegue na vida, à custa de muito esforço e
dificuldade, se não, não tem valor. Homem (ou mulher) fácil não serve. É
necessário procurar muito antes, rejeitar várias vezes. O homem (ou mulher) que
está interessado luta para conseguir o que quer e por isso vai insistir
bastante. Pior que muitos insistem mesmo, pois foram educados com a ideia de
que desistência é um sinal de fraqueza. Então, encontrar a pessoa certa é só
uma questão de se fazer de difícil a um pretendente insistente? Neste caso, quando
é a hora de parar e se render ao fato de que aquela é que a pessoa certa? Isto
quando a insistência nos leva a descobrir que aquela pessoa que finalmente
conquistamos depois de batalhar tanto por ela, em nada tem a ver com a gente.
Isto porque o que se pensava que era paixão, na verdade, era uma obsessão de
quem não aceitava ouvir um não como resposta.
Pense nos amigos que você tem.
Estou falando das amizades presenciais e não das virtuais de comunidades
sociais e de aplicativos com quem você troca mensagens a toda hora. Refiro-me
àqueles que você prefere passar a maior parte do seu tempo livre quando pode encontrá-los.
Naqueles que você mal pode esperar para que chegue o fim de semana para estar
com eles para pôr o papo em dia e se divertir. Naqueles que bate com você em
quase tudo. Que qualidades e interesses eles têm que os tornam tão próximos
para que você se sinta bem aos estar em sua companhia? Vamos lá, então, a
pessoa certa deveria ser como esses nossos melhores amigos, adicionada de uma
pitada de paixão e que seja do sexo que nos atrai.
Na verdade, as pessoas querem se
apaixonar. Isto é o que está faltando na vida delas, uma paixão de verdade. Uma
paixão da vida real e não uma fictícia e perfeita de uma comédia romântica que
só existe no mundo cinematográfico. As pessoas querem encontrar outra com quem
possa rir juntas e que as faça se sentir bem. A pessoa certa existe e encontrá-la
pode ser mais fácil do que se imagina. Basta procurar entre aquelas que façam
você se sentir uma pessoa especial.
Rio Vermelho, 12 de
janeiro de 2015.